Investigadores na China analisaram os potenciais efeitos dos suplementos alimentares de romã nos níveis de açúcar no sangue e na sensibilidade insulínica.
A diabetes mellitus representa uma ameaça à saúde pública afetando 336 milhões de pessoas em todo o mundo (2014). Estima-se que este número aumente para 552 milhões até ao ano 2030. Para os doentes de diabetes, o controlo dos níveis de glucose no sangue é uma tarefa diária e perpétua. A má gestão dos níveis de açúcar no sangue pode causar danos a longo prazo na saúde: enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, cegueira, lesões nos nervos. É por esta razão que mudanças a nível do estilo de vida, como por exemplo a ingestão de suplementos alimentares, têm sido utilizadas para o controlo dos níveis de açúcar no sangue e na prevenção e tratamento da diabetes. Recentemente, os suplementos alimentares de romã tornaram-se alvo de interesse nas comunidades científica e médica devido aos seus possíveis efeitos nos níveis de glucose.
Tem sido feita extensiva investigação acerca das propriedades antioxidantes da romã (Punica granatum L.) e acerca da grande concentração de polifenois bioactivos presentes neste fruto. Foram usados extratos de diferentes partes da romã (o sumo, o óleo das sementes, o extrato da fruta) para prevenir e tratar doenças como a pressão arterial alta, doenças cardiovasculares, a obesidade e a diabetes. Alguns estudos demonstraram que o sumo da romã e os extratos desta fruta melhoram os níveis de açúcar no sangue, reduzem os requerimentos insulínicos do organismo e aumentam a sensibilidade insulínica. No entanto, muitos destes são estudos observacionais e estudos com animais e, portanto, os efeitos da romã nos níveis da glucose e insulina em humanos não são corretamente compreendidos.
Um estudo recente realizado na China analisou dados recolhidos em ensaios clínicos anteriores para avaliar a eficácia dos tratamentos com suplementos alimentares de romã no controle da glucose, dos níveis de insulina e da sensibilidade insulínica em adultos. Este relatório e meta-análise, publicado no Nutrition Journal, analisou e examinou 16 estudos clínicos nos quais participaram 538 adultos saudáveis que não sofriam de diabetes e que tomaram suplementos alimentares de romã durante pelo menos uma semana. Dos 16 estudos, 11 utilizaram 120 a 500 ml de sumo de romã por dia como suplemento alimentar; 2 utilizaram óleo de sementes de romã (400/2000 mg/dia); e os restantes 3 utilizaram extrato de romã (710-1420 mg/dia). Estes estudos tiveram a duração de uma a doze semanas.
Nenhum dos estudos encontrou efeitos significativos dos suplementos alimentares de romã nos níveis de glucose. Análises conjuntas adicionais dos 16 estudos revelaram a mesma conclusão: a ingestão de suplementos alimentares de romã não tem efeitos significativos nos níveis de açúcar no sangue, na concentração de insulina ou na sensibilidade insulínica.
Em suma, investigações recentes mostram que a ingestão diária de suplementos alimentares de romã não é um tratamento efetivo para o controlo dos níveis de glucose e insulina.
Escrito por Cindi A. Hoover, Ph.D.
Traduzido por Ângela Carvalho, PgC
Referências:
Huang et al. Lack of efficacy of pomegranate supplementation for glucose management, insulin levels, and sensitivity: evidence from a systematic review and meta-analysis. 2017. Nutrition Journal 16:67. DOI 10.1186/s12937-017-0290-1