A esclerose múltipla é uma doença neurológica séria com sintomas que afetam a qualidade de vida. Investigadores do Paquistão e da Arábia Saudita reviram os dados existentes acerca dos benefícios da curcumina no tratamento da esclerose múltipla.
A esclerose múltipla (EM) é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso central. Na EM uma resposta imune anormal ataca a mielina, uma substância lipídica que envolve as fibras nervosas, e ataca as fibras nervosas também, o que leva a sintomas como a cegueira, fraqueza muscular e problemas de coordenação. Estes sintomas neurológicos normalmente persistem mesmo quando a doença não evolui.
As causas da EM não são entendidas de forma clara mas acredita-se que são fatores genéticos e ambientais que estão na sua origem. Apesar de existirem algumas terapias para a EM, muitas são de custos elevados e com efeitos secundários tóxicos e adversos. É por esta razão que os cientistas procuram novas terapias.
Plantas medicinais têm sido utilizadas tanto nas medicinas tradicionais como ponto de partida para tratamentos biomédicos modernos. Em Neurological Sciences, Qureshi e os seus colegas reviram os benefícios conhecidos da curcumina para o tratamento da EM. A curcumina é um químico amarelo produzido por plantas e que dá cor ao açafrão. É muitas vezes utilizado como suplemento de ervas, na cosmética e na coloração de alimentos.
Um dos fatores que influencia a evolução da EM é a oxidação dos radicais livres. A curcumina é um antioxidante e pode reduzir a inflamação ao inibir muitas das enzimas e fatores que causam as respostas imunitárias e a inflamação. Para além destes efeitos, a curcumina pode reduzir a morte celular apesar de não ser ainda entendida de que forma ocorre este processo. Em conjunto, estes processos são responsáveis pela progressão substancial da EM.
Embora a curcumina apresente benefícios para o tratamento da EM, é dificil transformá-la em medicamentos. Não é de fácil absorção após consumo e é quimicamente instável. No entanto, a curcumina é estável em tecidos gordos como a mielina e o cérebro.
Investigações futuras são necessárias para perceber os efeitos da curcumina e como estes efeitos poderão ser transformados em terapias. Estão já a decorrer estudos clínicos com novas fórmulas de curcumina que poderão ser de melhor absorção pelo corpo.
Escrito por C.I. Villamil
Traduzido por Ângela Carvalho, PgC
Referências: Qureshi et al. 2017. Neurol Sci. Therapeutic potential of curcumin for multiple sclerosis.