Um estudo recentemente publicado no International Journal of Obstetrics and Gynecology identifica o tratamento mais efetivo para o alívio dos afrontamentos na menopausa.
A menopausa é um processo gradual que afeta a função dos ovários fazendo com que estes deixem de funcionar e que dá descontinuidade ao período menstrual por 12 meses. Tal alteração do sistema reprodutor feminino causa a perda de hormonas tais como o estrogénio, a progesterona e a testosterona, que podem interferir com a regulação da temperatura corporal e causar um aumento repentino do fluxo sanguíneo para o peito, pescoço e rosto. Estas flutuações de temperatura corporal podem resultar em transpiração excessiva, arrepios, palpitações cardíacas e sensações de calor extremo, mais conhecidas por afrontamentos.
Controle dos afrontamentos pelo centro vasomotor do cérebro
O centro vasomotor do cérebro age como controlador deste processo pois é o regulador das alterações da pressão arterial sanguínea que ocorrem em mulheres na menopausa. Os sintomas resultantes são caracterizados por sintomas vasomotores, mais conhecidos por afrontamentos. O controle destes sintomas é geralmente feito através de medicação que tem um impacto nos níveis hormonais do corpo. Existem vários medicamentos para este efeito e investigadores no Reino Unido procuraram descobrir qual o tratamento mais efetivo.
Meta-análise em rede
Uma avaliação sistemática publicada no International Journal of Obstetrics and Gynecology identificou o tratamento mais efetivo para o alívio dos sintomas vasomotores em mulheres na menopausa que nunca fizeram uma histerectomia. Para tal, os cientistas levaram a cabo um estudo controlado aleatório que incluiu 8,326 mulheres de três meta-análises em rede no Reino Unido. Devido à sua importância nos procedimentos de decisão relativas ao sistema de saúde, aquando a existência de múltiplos tratamentos para uma doença, a meta-análise em rede é o método recomendado para comparar de forma direta os medicamentos previamente analisados em diversos estudos.
Contraposição de 16 grupos de tratamento
O foco deste estudo foi o alívio dos sintomas vasomotores, dos efeitos secundários e a descontinuação através do tratamento farmacológico e não-farmacológico. Os participantes da meta-análise em rede foram divididos em três grupos formando redes de tratamentos: mulheres com útero, mulheres sem útero e mulheres vítimas ou em risco de cancro da mama. Este estudo analisou e comparou 16 grupos de tratamento, incluindo um grupo de tratamento com placebo, estradiol e progestogénio transdérmicos, estradiol e progestogénio orais, isoflavonas, actaea racemosa (cimicifuga), inibidores de recaptação de serotonina, e inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina.
Tratamento mais eficaz
Os resultados demonstraram que o tratamento por estradiol e progestogénio transdérmicos foi o mais efetivo no alívio dos afrontamentos. Apesar dos tratamentos com isoflavonas e actaea racemosa se mostrarem mais eficazes do que o tratamento com placebo, nenhum atuou de forma tão eficaz como o acima mencionado.
A medicação menos efetiva no alívio dos sintomas foi a de inibidores de recaptação de serotonina e inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina. No entanto, estes tratamentos mostraram uma maior de descontinuação do que o placebo, o que pode ter afetado os resultados. A informação relativa aos seus efeitos hemorrágicos foi limitada e portanto não foi alcançada nenhuma conclusão.
Apesar do tratamento por estradiol e progestogénio orais ter-se mostrado eficaz, o tratamento por estradiol e progestogénio transdérmicos teve maior sucesso na redução da frequência dos afrontamentos em mulheres que nunca fizeram uma histerectomia. Um estudo desta natureza é essencial pois o conhecimento das melhores práticas medicinais é crucial para providenciar o melhor tratamento para o alívio dos sintomas da menopausa.
Escrito por Viola Lanier PhD, MSc
Traduzido por Ângela Carvalho, PgC
Referências:
G Sarri, H Pedder, S Dias, Y Guo, MA Lumsden. Vasomotor symptoms resulting from natural menopause: a systematic review and network meta-analysis of treatment effects from the National Institute for Health and Care Excellence guideline on menopause. An International Journal of Obstetrics and Gynaecology. 2017 May 11.